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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Projeto Dança do Pau Furado

O projeto “Dança do pau furado” foi trabalhado no Centro de Educação Rural Alfredo Mesquita Filho em anos anteriores e será retomado no segundo semestre de 2012 com um grupo de aproximadamente 20 alunos, estudantes da Educação de Jovens e Adultos. As reuniões do grupo acontecerão semanalmente no período de uma hora aula, supervisionadas pelos professores que orientarão as atividades. Alguns objetivos do projeto: Resgatar e divulgar a dança do pau furado, antiga tradição cultural da Comunidade Rural de Capoeira; Contribuir com o processo de amadurecimento cultural, despertando nos jovens e adultos o desejo de assumir sua própria identidade; Revelar talentos para trabalhar na divulgação dessa expressão cultural; Envolver professores como agentes estimuladores na preservação e divulgação dessa  cultura.

É um trabalho importante por possibilitar a motivação de jovens e adultos na construção de uma consciência cidadã, responsabilidade e respeito pela cultura popular, além de promover a interdisciplinaridade, na medida em que estarão sendo discutidas várias temáticas em torno do tema central. Também possibilitará ensinar e aprender sobre a importância de manter o que possuímos de mais autêntico: nossa própria identidade, expandindo os conhecimentos mais antigos que tornam autêntica a história de nosso povo.

 

 

Sobre a “Dança do pau furado”

 

O nome pode parecer estranho “pau furado”, mas esse é o nome de um tipo de coco cantado e acompanhado por instrumentos de percussão, uma dança circular de formação mista, onde há destaque para um ou dois dançarinos que se movimentam no centro da roda. A umbigada é o movimento característico desse estilo de dança e funciona para trocar integrantes do centro da roda.

Sua origem ainda é bastante discutida. Há quem afirme que chegou ao Brasil na bagagem dos escravos africanos, mas há também quem defenda que  seja o resultado do encontro da raça negra com o nativo local, o índio.

 

Outra explicação é que os negros, para aliviar as dores do trabalho de descascar os cocos secos com os pés, embalados pelo barulho que produzia, cantavam e dançavam dando origem à chamada dança do coco.

 

Apesar de mais frequente no litoral, alguns pesquisadores defendem que o coco tenha surgido no interior de Alagoas, provavelmente no Quilombo dos Palmares, onde se misturavam escravos índios com africanos, no início da vida social brasileira (época colonial). 

 

O coco é uma dança do povo e os principais instrumentos utilizados são as próprias mãos. As cantigas acompanhadas pelo bater de palmas com as mãos encovadas, imitando o ruído de quebrar da casca de um coco, podem ter dado origem ao nome da dança de ritmo bem brasileiro. 

 

Além das mãos, os percussionistas utilizam também  um atabaque maior, chamado "pau furado", feito pelo processo indígena de queimar o miolo, dias e dias; atabaques menores ou barris e ganzá. Além desse instrumento em algumas modalidades de coco de roda, podem ser usados também zabumba (tambor), flauta, ganzás, chocalho, viola, pandeiro, cuícas, maracás, bombos etc. Na falta de instrumentos musicais fabricados por processo industrial, pode-se improvisar, confeccionando instrumentos de acordo com a criatividade e materiais disponíveis, como latas, por exemplo.

 

Outra versão

 

O Coco é um ritmo originário do Nordeste brasileiro. O nome refere-se também à dança ao som do ritmo. Coco significa cabeça, de onde vêm as músicas, de letras simples. Com influência africana e indígena, é uma dança de roda acompanhada de cantoria e executada em pares, fileiras ou círculos durante as festas populares do litoral e do sertão nordestino. Recebe várias nomenclaturas diferentes, como coco-de-roda, coco-de-embolada, coco-de-praia, coco-do-sertão, coco-de-umbigada, e ainda outros o nominam com o nome do instrumento mais característico da região em que é desenvolvido, como coco-de-ganzá, coco de zambê ou pau furado.

O som característico do coco vem de quatro instrumentos (ganzá, surdo, pandeiro e triângulo), mas o que marca mesmo a cadência desse ritmo em algumas regiões é o repicar acelerado dos tamancos. A sandália de madeira é quase como um quinto instrumento, se duvidar, o mais importante deles. Além disso, a sonoridade é completada com as palmas.

 

Há ainda uma outra  hipótese de que o surgimento do coco se deu pela necessidade de concluir o piso das casas no interior, antigamente feito de barro. Existem também versão de que a dança surgiu nos engenhos ou nas comunidades de catadores de coco.

 

A DANÇA DO PAU FURADO NA COMUNIDADE DE CAPOEIRA,

 

A origem do coco de zambê em Capoeira, comunidade rural da cidade de Macaíba, se perde no tempo. Alguns acreditam que essa expressão cultural existe na comunidade há mais de um século. Lá a brincadeira é chamada de dança do pau furado, provavelmente uma referência ao tambor utilizado pelos brincantes. Também é utilizada na brincadeira tradicional dos adultos da comunidade uma fogueira, com a função simbólica de aquecer os tambores. Atualmente existe na comunidade um grupo denominado “pau furado juvenil” que tenta manter a viva a tradição criando e recriando o que seria talvez o valor cultural mais significativa da comunidade.

 

Refrão cantado pelos brincantes da comunidade:

 

Piaba ê, piaba ô / boas vinda pra esse povo/ que veio da capital

Piaba ê, piaba ô / vê dança do pau furado / tradição do meu lugar

Piaba ê, piaba ô / a dança do pau furado / é cultura popular

Piaba ê, piaba ô / da terra de Capoeira / estamos a divulgar

Piaba ê, piaba ô / é um coco de zambê / de tradição cultural

Piaba ê, piaba ô / menino toque com força/ que nós dança pra animar.

Piaba ê, piaba ô / queira entrar nessa  roda / pra esse coco dançar

 



2 comentários:

@jeannkarlo disse...

Esse é um lindo projeto! Há que se lutar para preservar nossa identidade cultural! Mais que isso: há que se icentivar o acesso e as (re)leituras a tais manifestações! Parabéns!

Jacicleide Bezerra disse...

Adoro as manifestações populares. Tive o privilégio de conhecer a comunidade de Capoeira. Meu marido foi prof. na E. de Educação Científica, que também atendia essa comunidade.

Parabéns pelo material. Muito rico.