Projeto Dança do Pau Furado
O
projeto “Dança do pau furado” foi trabalhado no Centro de Educação Rural
Alfredo Mesquita Filho em anos anteriores e será retomado no segundo semestre
de 2012 com um grupo de aproximadamente 20 alunos, estudantes da Educação de
Jovens e Adultos. As reuniões do grupo acontecerão semanalmente no período de
uma hora aula, supervisionadas pelos professores que orientarão as atividades.
Alguns objetivos do projeto: Resgatar e divulgar a dança do pau furado, antiga
tradição cultural da Comunidade Rural de Capoeira; Contribuir com o processo de
amadurecimento cultural, despertando nos jovens e adultos o desejo de assumir
sua própria identidade; Revelar talentos para trabalhar na divulgação dessa
expressão cultural; Envolver professores como agentes estimuladores na
preservação e divulgação dessa cultura.
É
um trabalho importante por possibilitar a motivação de jovens e adultos na
construção de uma consciência cidadã, responsabilidade e respeito pela cultura
popular, além de promover a interdisciplinaridade, na medida em que estarão
sendo discutidas várias temáticas em torno do tema central. Também
possibilitará ensinar e aprender sobre a importância de manter o que possuímos
de mais autêntico: nossa própria identidade, expandindo os conhecimentos mais
antigos que tornam autêntica a história de nosso povo.
Sobre
a “Dança do pau furado”
O nome pode parecer estranho “pau furado”, mas esse é o nome de um tipo de coco
cantado e acompanhado por instrumentos de percussão, uma dança circular de
formação mista, onde há destaque para um ou dois dançarinos que se movimentam
no centro da roda. A umbigada é o movimento característico desse estilo de
dança e funciona para trocar integrantes do centro da roda.
Sua origem ainda é
bastante discutida. Há quem afirme que chegou ao Brasil na bagagem dos
escravos africanos, mas há também quem defenda que seja o resultado do encontro da raça
negra com o nativo local, o índio.
Outra explicação é
que os negros, para aliviar as dores do trabalho de descascar os cocos secos
com os pés, embalados pelo barulho que produzia, cantavam e dançavam dando
origem à chamada dança do coco.
Apesar de mais frequente
no litoral, alguns pesquisadores defendem que o coco tenha surgido
no interior de Alagoas, provavelmente no Quilombo dos Palmares, onde se
misturavam escravos índios com africanos, no início da vida social brasileira
(época colonial).
O coco é uma dança do povo e os principais instrumentos
utilizados são as próprias mãos. As cantigas acompanhadas pelo bater de palmas
com as mãos encovadas, imitando o ruído de quebrar da casca de um coco, podem
ter dado origem ao nome da dança de ritmo bem brasileiro.
Além das mãos, os percussionistas
utilizam também um
atabaque maior, chamado "pau furado", feito pelo processo indígena de
queimar o miolo, dias e dias; atabaques menores ou barris e ganzá. Além desse instrumento em algumas modalidades de
coco de roda, podem ser usados também zabumba (tambor), flauta, ganzás,
chocalho, viola, pandeiro, cuícas, maracás, bombos etc. Na falta de
instrumentos musicais fabricados por processo industrial, pode-se improvisar,
confeccionando instrumentos de acordo com a criatividade e materiais
disponíveis, como latas, por exemplo.
Outra versão
O Coco é um ritmo originário do Nordeste brasileiro. O
nome refere-se também à dança ao som do ritmo. Coco significa cabeça, de onde
vêm as músicas, de letras simples. Com influência africana e indígena, é uma
dança de roda acompanhada de cantoria e executada em pares, fileiras ou
círculos durante as festas populares do litoral e do sertão
nordestino. Recebe várias nomenclaturas diferentes, como coco-de-roda,
coco-de-embolada, coco-de-praia, coco-do-sertão, coco-de-umbigada, e ainda
outros o nominam com o nome do instrumento mais característico da região em que
é desenvolvido, como coco-de-ganzá, coco de zambê ou pau furado.
O som característico do coco vem de quatro instrumentos
(ganzá, surdo, pandeiro e triângulo), mas o que marca mesmo a cadência desse
ritmo em algumas regiões é o repicar acelerado dos tamancos. A sandália de
madeira é quase como um quinto instrumento, se duvidar, o mais importante
deles. Além disso, a sonoridade é completada com as palmas.
Há ainda uma outra hipótese de que o surgimento do coco se deu
pela necessidade de concluir o piso das casas no interior, antigamente feito de
barro. Existem também versão de que a dança surgiu nos engenhos ou nas
comunidades de catadores de coco.
A
DANÇA DO PAU FURADO NA COMUNIDADE DE CAPOEIRA,
A origem do coco de zambê em Capoeira, comunidade rural
da cidade de Macaíba, se perde no tempo. Alguns acreditam que essa expressão
cultural existe na comunidade há mais de um século. Lá a brincadeira é chamada
de dança do pau furado, provavelmente uma referência ao tambor utilizado pelos
brincantes. Também é utilizada na brincadeira tradicional dos adultos da
comunidade uma fogueira, com a função simbólica de aquecer os tambores.
Atualmente existe na comunidade um grupo denominado “pau furado juvenil” que
tenta manter a viva a tradição criando e recriando o que seria talvez o valor
cultural mais significativa da comunidade.
Refrão
cantado pelos brincantes da comunidade:
Piaba ê, piaba ô / boas
vinda pra esse povo/ que veio da capital
Piaba ê, piaba ô / vê dança
do pau furado / tradição do meu lugar
Piaba ê, piaba ô / a dança
do pau furado / é cultura popular
Piaba ê, piaba ô / da terra
de Capoeira / estamos a divulgar
Piaba ê, piaba ô / é um coco
de zambê / de tradição cultural
Piaba ê, piaba ô / menino toque
com força/ que nós dança pra animar.
Piaba ê, piaba ô / queira
entrar nessa roda / pra esse coco dançar
2 comentários:
Esse é um lindo projeto! Há que se lutar para preservar nossa identidade cultural! Mais que isso: há que se icentivar o acesso e as (re)leituras a tais manifestações! Parabéns!
Adoro as manifestações populares. Tive o privilégio de conhecer a comunidade de Capoeira. Meu marido foi prof. na E. de Educação Científica, que também atendia essa comunidade.
Parabéns pelo material. Muito rico.
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